ROSÁLIA RIBEIRO
( Brasil – Paraíba )
Rosália Maria Moura Ribeiro.
Texto escrito por Waldemar DUARTE: [ De A União – Junho de 1961 ]
LETRAS CAMPINENSES
Vamos mudar de personagens nessa missão, de divulgação dos valores campinenses. Temos procurado, desde o início, provar a existência de intelectuais em Campina Grande. O critério adotado não visa apenas os filhos de Campina Grande e os que continuam atuantes. Os que viveram vida atuante, mesmo originários de outras plagas, incluindo-se os mortos e os que se retiraram do cenário. Vez por outra ocorre-nos nomes que não citamos inicialmente. Lembramos agora de Zé da Luz, Oliveiros Oliveira, Jansen Filho, Luiz Asfora, Maria Rosalia Moura Ribeiro, Eduardo Maia Franco, Daniel Azevedo. Como dissemos inicialmente, vamos tratar hoje de um intelectual do belo sexo. Trata-se da poetisa Rosália Maria Moura Ribeiro, jovem universitária que se dedica às belas letras, a poetisa sabe casar aos postais da natureza as suas letras as suas fugas de lirismo. A sua poesia revela não apenas uma poetisa que se extravasa emocionalmente. Ela procura, antes de tudo, o que não percebe o sensível Stênio Lopes, valorizar a paisagem de sua terra, a Campina que é Grande e engrandece os seus filhos. Numa jovem, com a beleza e a sensibilidade da poetisa de que nos ocupamos, é raro interesse por assuntos que não se relacionam diretamente com o tema universal — o Amor. Vamos surpreendê-la NO ESTUDO:
|
PINTO, Yvone de Figueiredo Ferreira. Paraibanos ilustres. São Paulo, SP: Bok2 Edições, 2020. 410 p. 14 x 21 cm.
ISBN 978-85-923219-2-5 Gentileza do Rev. Hakusan Kogen
"Hoje eu tenho muito que estudar,
terei prova e não quero fracassar...
Mas, como posso as ideias coordenar,
se a sua imagem está sempre a turvar
meu pensamento?
— Eu não posso, "isto" eu não consigo:
trocar Geografia por você...
Por isso, aqui neste momento,
quando devo estudar a minha prova,
em mim a sua imagem se renova
e eu fico realmente sem SABER...
Ela não consegue "trocar Geografia por você..." O estudo dos mapas se dos acidentes geográficos são superiores a você. Geografia, que é necessária aos estudos, por um momento de extravasamento emotivo. É bem um princípio de responsabilidade que define o caráter da poetisa.
O fato de ficar sem SABER não invalida a tese de grande responsabilidade; revela mais o descaso com que nossas escolas tratam o problema educativo de nosso povo. É um modo de ver que atende aos pontos de vistas gerais.
O que vale na poetisa é a sua manifestação de continuar estudando, embora uma "imagem" volátil desordene o seu programa. Mas, ela também trata da eternidade do Açude Velho, interrogando:
"Quantos séculos por ti terão passado;
Quanto sofrimento e quanta alegria
O Açude Velho, que ele considera filho de Campina Grande, se humaniza para viver a vida que todos vivem: alegria, temores, sofrimento e, por fim
"Mudo, conservas teus segredos; assim
Como tudo, um dia terás fim,
E silencioso entrarás na Eternidade."
O Açude Velho tem alma como todo o Campinense e, por fim, entrará na Eternidade. É a alma campinense em extravasamento, humanizando a argila. Que dirá o amigo Stênio? E a poesia serrana saúda-o:
Velho Açude de água tão tranquila.
Testemunha da vida da cidade,
Já ninguém sabe qual a tua idade,
Quantos anos já tem a tua argila."
Maria Rosário Moura Ribeiro, jovem coração, revela tendências de acentuado lirismo, podendo se profetizar grandes cometimentos no campo da poesia. É a mocidade, desperta pela presença da Universidade, traçando um caminho de um ambiente cultural nas montanhas sem brumas da Borborema.
*
VEJA e LEIA outros poetas da PARAÍBA em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/paraiba.html
Página publicada em novembro de 2022
|